FREE ASSOCIATION LISBON

«Sou um evadido. / Logo que nasci / Fecharam-me em mim, / Ah, mas eu fugi». Ao ler estes versos, interrogo-me se terá fugido de si ou terá antes fugido para ir à procura de si. Fernando Pessoa, em tão poucas palavras, diz tanto sobre a paradoxalidade dos encontros e desencontros de cada um. Já Manoel de Barros nos avisara que é nos poetas que encontramos esta mania de comparecer aos próprios desencontros. Outros há que do mesmo fazem também ofício — comparecer aos desencontros de cada um consigo, começando por si próprios… e através de um encontro onde possam ser encontrados, dar espaço para que aqueles desencontros se encontrem, encontrando-se com as inquietações, as contradições, os medos e os desejos de que são feitos.

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Esta série fotográfica, que é uma tentativa de representação da ideia de um desencontro que inevitavelmente traz consigo a esperança de encontrar e de vir a ser encontrado, centra-se na dinâmica criada pela possibilidade de comparecer a esses desacertos — ou reacertos — com a existência que os "próprios des-encontros" constituem.