Por Tiago Pires Marques
[...] Aqui não ficou rasto de nenhum monumento de superstição. A moral e a língua reduzidas à sua expressão mais simples. Estes milhões de pessoas que não têm qualquer necessidade de se conhecerem, levam com tal paralelismo a educação, a profissão e a velhice, que o seu tempo de vida deve ser muitas vezes inferior àquele que uma estatística louca encontrou para os povos do continente. Tal como, desde a minha janela, vejo novos fantasmas deslizando pelo espesso e contínuo fumo de carvão , - nossa sombra campestre, nossa noite de estio! – novas Eríneas diante do cottage que é toda a minha pátria e todo o afecto, já que tudo aqui é igual a si-mesmo , - uma Morte sem lágrimas, nossa activa filha e criada, um Amor desesperado e um lindo Crime ganindo na lama da rua. Jean-Arthur Rimbaud, “Cidade”
(trad. de Mário de Cesariny)
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